terça-feira, abril 03, 2007

A técnica da arte sem técnica

"Fantasias e sonhos não se misturam. Os sonhos ficam dentro da gente, a fantasia, esquecida num baú qualquer. Mas quando a fantasia é o sonho, o baú somos nós."

Allan, o autor desconhecido.

Quando eu era pequena, era mais artística. Fiz balé e saí, fiz ginastica rítimica e saí, fiz teatro e saí, voltei pro balé e saí de novo, mas apesar desses altos e baixos eu sempre quis ser uma pessoa-arte. Ficava imaginando um teatro digno de uma apresentação de balé, e eu lá sozinha no meio do palco super grande, dançando do meu jeitinho, sem essas papagaiadas que aprendi nos cursos, do meu jeitinho com um pouco de cada rítimo com aquela música de fundo, sim, uma bem legal que fizesse as pessoas se arrepiarem, pensarem "ela está dançando só pra mim", a camera se aproxima e a luz fraca centrada em mim.

Mas, com o tempo o sonho foi se extinguindo, a pessoa-arte foi indo embora, ora, a arte é nada mais nada menos do que expressar seus sonhos, suas fantasias, suas idéias e com o tempo não dá mais pra expressar os meus sonhos/fantasias/idéias, o corre-corre do dia-a-dia não me permite ficar inventando passos e quebrando o salto do sapato como antigamente. Não está mentindo quem fala que na infância a vida parece mais simples.

Em certo ponto, vou lembrar que existem pessoas-arte-não-crianças no mundo, eu conheço algumas, sim, elas sim ainda tem o "dom", apesar de algumas esquecerem/forjarem/apagarem isso. O problema é que nem todas me agradam, não sinto nada vindo delas, podem dançar lindamente, pintarem lindamente, fotografarem lindamente, falarem lindamente, mas não são verdadeiras, são passos ensaiados, traços estudados, fotografias com boa iluminação, palavras gravadas, esculturas sem noção. GENTE, ISSO NÃO É ARTE!

Eu não quero ver uma garota dançando balé que ensaiou durante meses a fio, todos os dias e que já virou algo tão repetitivo para ela que não tem mais emoção, tem técnica. Não quero ver uma pintura de um jarro com uma técnica super difícil. Não quero ver a foto de mais uma flor qualquer de uma árvore qualquer, mas com a técnica certa. Não quero ouvir poemas de amor de desamados que usam da técnica, esculturas de artistas que estavam drogados na hora. Eu quero a verdade minha gente, esses artistas de hoje em dia estão esquecendo a essência da coisa e usando pura técnica!

Pra ser sincera a melhor "apresentação" de dança que eu já vi foi no quarto de uma amiga minha ao som de "I like big buts" porque aquelas risadas e sorrisos eram verdadeiros e acreditem não tinha técnica alguma! A melhor pintura que eu já vi foi da minha mãe de um elefantinho de lado, puro amor maternal! A melhor foto que já vi foi do meu irmão quando pequenino, de cuequinhas correndo do meu pai (shhh! segredo!) bem tremida e com o flash no espelho! As palavras mais lindas forma de outra amiga minha em um momento bem itsumo-brega! A melhor escultura foi uma certa Iemanjá quase sem cabeça feitas por crianças!

Pois então, lá vai um recado pros artistas: estou insatisfeita, quero mais verdades, mais I like big buts/elefantinhos/cuequinhas/itsumo/Iemanjá, ok?

e tenha dito, por Ciça!

Ps1: Parabéns pro meu pai, 51!

ps2: O elefante da imagem não é o da minha mãe, mas a idéia permanece!

2 comentários:

Nani e Ciça disse...

*as palavras mais lindas foram.

hehe, desculpa aê gente, o pessoal da edição final tá de folga!
=D

Anônimo disse...

É verdade, Ciça! A Beleza, seja na arte ou em qualquer outro lugar, até em pessoas, está muito ligada ao Espontâneo.
Bjão para as duas escritoras e Feliz Páscoa!
Rebeca